terça-feira, 24 de abril de 2012

VELHOS ESTANDARTES XII

ESTANDARTES  E BANDEIRAS
MILITARES

D. PEDRO II
1683 - 1706
Gravura do século XVIII
Colecção particular


Colecção particular


Foi por esta época que apareceram as primeiras Bandeiras e Estandartes Regimentais, eram geralmente de formato geométrico apresentando várias divisões triangulares ou quadrangulares de cores diversas, predominando por regra o verde e o branco, que eram as cores da Casa de Bragança, podendo ou não, o Coronel Comandante ou Proprietário, acrescentar-lhe outras ao seu gosto, da sua libré ou as de sua casa, estas duas últimas se ele fosse nobre.





Bandeira militar
Colecção particular


As bandeiras de infantaria e dragões (que era infantaria montada) eram bastante grandes, em relação ao que hoje estamos habituados, podiam ser quadradas ou rectangulares; as das fortalezas eram de grandes dimensões para se poderem ver bem a uma distância  bastante apreciável. Os estandartes, exclusivos da cavalaria, eram mais pequenos, quadrados, arredondados, em forma de flâmula, arredondadas, etc.




PEQUENO APONTAMENTO HISTÓRICO:

GUERRA DA SUCESSÃO
1704 - 1714

A ENTRADA DO EXÉRCITO PORTUGUÊS EM MADRID
1706

Como é do conhecimento geral Portugal viu-se obrigado a participar nesta luta enorme, que duraria sensivelmente dez anos. As nossas tropas bateram-se a favor do Arquiduque Carlos, como aliados da Inglaterra, Holanda e Áustria, obtendo as nossas tropas as mais brilhantes vitórias. Foi precisamente no último ano de reinado de D. Pedro II que se deu a acção da entrada do nosso exército em Madrid.



Chegada do Exército Português a Madrid
Desenho a carvão de Rui Belo
Colecção particular
 O comando do Exército da Beira foi entregue a D. António Luís de Sousa, quarto Conde do Prado e segundo Marquês das Minas, cuja reputação militar se formara desde a Guerra da Restauração nas fronteiras Norte e Sul do País; fora excelente Capitão-General do Brasil e Conselheiro de Guerra competentíssimo.

Aqui se apresenta de um modo muito abreviado, como nos narra o
 cronista Frei Cláudio da Conceição(1) este episódio da nossa História Militar:


Tambor de infantaria português
Aguarela do signatário
Colecção privada
"A 24 de Junho de 1706  entrou o exército no sítio chamado de Nossa  Senhora do Retamal, distante quatro léguas da corte de Madrid. Daqui mandou-se um trombeteiro ao Prado dar notícia da chegada do Marquês das Minas, tendo o Mestre-de-Campo- General Conde de Vila Verde mandado destacar, para o efeito, trezentos cavalos às ordens de D. Pedro de Amassa,onde se incluíam o Tenente-General da Cavalaria, o Comissário dela António de Couros e os Capitães de Cavalos Gonçalo Pires Bandeira, Manuel de Mello, D. João de Almeida e o Tenente Conde de Atalaia D. António de Castro, que marcharam até ao Prado.

Junto ao Paço estava uma partida de cavalaria inimiga, a qual D. Pedro Amassa mandou logo atacar por outra, que foi carregando de modo, que o inimigo se colocou em fuga, indo-se incorporar com a restante cavalaria, que estava em Foncarral com todos os carabineiros, formando um corpo de quatro mil cavalos, comandados pelo General Souforouille. Tanto que os nossos avistaram Madrid, expediram um trombeteiro, que foi muito bem recebido; e no mesmo dia enviou a Vila os seus deputados ao Marquês das Minas, o qual conservou, até novas ordens ,o Marquês Fuente Pelayo na ocupação de Corregedor.

No dia 27 aquartelou-se o nosso exército nas vizinhanças de Madrid, tendo ficado acantonados desde a Huerta del Cerero até à quinta dos Padres Jerónimos.

O nosso exército era composto, além de toda a cavalaria, por doze Terços, a saber: oito portugueses, dois ingleses e dois holandeses.
Soldado de Infantaria Português
Aguarela do signatário
Colecção privada

Levava o Marquês o exército em tão boa ordem e disciplina, que compravam os viveres aos paisanos pelos justos preços, sem que os povos padecessem violência, punindo rigorosamente o mais leve furto, não tirando as contribuições permitidas na guerra; o que os espanhóis agradeciam ao Marquês com os maiores elogios.


Soou esta famosa acção com espanto nas cortes da Europa; e na de Roma foi motivo, para que o Papa Clemente XI, reconhecesse o Arquiduque Rei de Espanha, o que até então absolutamente negara. Também em África esta notícia se ouviu com admiração, e Muley Ismael, Imperador de Marrocos, felicitou o nosso Rei D. Pedro II, por este bom sucesso com uma carta, que chegou depois do seu falecimento.
Tropas portuguesas e aliadas com Madrid à vista comandadas pelo
Marquês das Minas
Litografia do fim do século XIX   -   Colecção particular
Logo que o Marquês das Minas chegou ao Escorial, mandou participar ao Rei Carlos, que estava na Catalunha, o que tinha feito para o colocar no trono de Espanha, para o que já estava a Vila de Madrid, cabeça daquela monarquia, despejada para nela poder entrar; e, assim lhe rogava que com as tropas, que tinha naquele principado, passasse a unir-se com o seu exército, porque qualquer demora lhe poderia ser de um dano incomparável. Recebeu o Rei Carlos esta venturosa notícia com grande satisfação, respondendo ao Marquês com uma carta escrita pelo seu próprio punho, agradecendo-lhe com as maiores expressões o seu zelo, actividade, e interesse, que tinha tomado na sua causa."

(1) - In: Gabinete Histórico, Tomo V, Impressão Régia, Ano de 1819

Coorden. do texto e ilustrações: marr

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

VELHOS ESTANDARTES XI

OS ESTANDARTES DA RESTAURAÇÃO

Reprodução de uma gravura do século XVIII
Posteriormente aguarelada
Colecção particular


Colecção particular
 Quando no dia 1 de Dezembro de 1640 teve lugar a revolução nacional contra o domínio dos espanhóis, os Conjurados arvoraram uma bandeira, que poderemos chamar a Bandeira da Revolução. Esta era constiuida por uma Cruz de Cristo de cor encarnada, assente em campo verde; esta bandeira foi também utilizada nas campanhas contra os espanhóis. Praticamente todos os terços a utilizaram como símbolo supremo da Revolução de 1640.

Colecção particular
  
Colecção particular


As bandeiras mais utilizadas pelos terços portugueses eram, regra geral, mais compridas do que largas, sendo a grande maioria de cor verde, tendo ao centro do pano a Cruz de Cristo a vermelho, aberta a branco como já foi dito, ou as Armas Reais em campo branco ou verde.



Colecção particular
Além destas bandeiras havia uma grande variedade com as divisas particulares dos respectivos comandantes; noutras viam-se pintadas uma grande variedade de imagens religiosas como a de Nossa  Senhora pintada de um lado e do outro o Santo Lenho e muitas outras reliquias; igualmente se viam os retratos dos grandes heróis nacionais como de  D. João I, do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, etc.
Bandeira da Padroeira de Portugal
(segundo alguns)
Colecção particular

ESTANDARTE REAL
O Estandarte Real era de pano branco, tendo de um lado as Armas Reais deitadas, e do outro lado a representação de Nossa Senhora da Conceição.

Estandarte Real de D. João IV
Colecção particular
 Os trombeteiros tinham pendentes nas suas trombetas pequenos galhardetes, assim como os timbaleiros ostentavam nos seus atabales panos; tanto uns, como os outros eram compostos do seguinte modo: de cor verde com o escudo das Armas Reais pintado, todos estes panejamentos eram debruados com franjas do mesmo tecido e mescladas das cores que entravam na sua composição, ou seja verde e vermelho. 


Colecção particular


Colecção particular






















BANDEIRA DE MONTES CLAROS

De pano azul com as Armas de Portugal, esta bandeira encontra-se na Igreja da Conceição em Vila Viçosa, guardada como relíquia dessa Batalha.

O ABANDEIRADO


O termo "abandeirado ou embandeirado" era dado ao soldado inferior que nos corpos apeados levava a bandeira nas formaturas, quando o alferes precisava de descansar. Em Portugal nem todos os corpos tinham esse militar; por isso se utilizava o termo "alferes-embandeirado".

AS ORDENANÇAS*

Colecção particular

" O Alferes tem por particular ofício guardar a bandeira; não se empenhará noutra  coisa, porque tudo o mais que na campanha se houver de fazer toca ao Sargento, porque em guardar a bandeira e defendê-la está toda a sua honra e a do Capitão. O seu lugar no esquadrão é no centro com a bandeira na mão, tendo à sua frente o abandeirado com o venábulo, enquanto se não peleja. A bandeira será das cores que ele ou o seu Capitão quiserem, mas trará sempre atravessadas, de canto a canto, duas bandas da cor o que seu Príncipe quiser para que se diferenciem os seus soldados dos inimigos, e da mesma cor trará cada soldado uma banda."

Colecção particular
" Mal o Alferes receba a bandeira, a primeira coisa que faz é ir juntamente com o Capitão e a respectiva Companhia, devidamente formada, à igreja onde tenham maior devoção, e com toda a solenidade será benzida, para que Nossa Senhora lhe dê felizes sucessos. O Capitão segura-a na mão e depois de benzida entrega-a ao Alferes com muitas palavras de recomendação encomendando-lhe a custódia e a sua defesa. Depois de a receber irá abatê-la por três vezes diante do altar do Santíssimo Sacramento, ficando à terceira vez abatida no chão durante o tempo de um Pai Nosso e uma Avé Maria que se rezará. Enquanto se benze a bandeira o Capitão estará de joelhos com a ponta da mesma na mão. Quando saírem da igreja os soldados darão uma carga, tocando os tambores e pífanos com muita festa."


Colecção particular

" O Alferes deverá andar sempre "mui lustroso" e bem armado de caçoleta, morrião, espada e adaga, e quando deixar a bandeira deverá levar na mão, ou às costas, o seu venábulo a fim de ser conhecido. Terá que se mostrar ao inimigo espantoso e terrível, com a espada na mão direita e a bandeira levantada bem alto na esquerda."


" O lugar das bandeiras é no centro do esquadrão, porque é o mais defendido e melhor guardado. E como é grande afronta da gente militar perder as bandeiras e grande honra defendê-las, convém que tenham o lugar mais seguro."


Colecção particular
" Tem o Alferes a obrigação de governar a sua Companhia na falta do Capitão, e assistir com a bandeira, guardá-la e defendê-la nos postos em que estiver a sua Companhia; em começando a arcabuzaria, se meterá com ela entre as picas. Em qualquer caso que suceda , procurará sempre salvar a bandeira, ainda que seja enrolando-a ao corpo, que será a última tentativa de salvar, morrendo antes que largá-la. O abandeirado, tambores e pífanos são da sua responsabilidade e a ele toca conservá-los".


* Os textos das transcrições das diversas Ordenanças, da época, foram feitas de modo a não alterar o sentido e a "frescura" do texto, limitando-me a utilizar a ortografia moderna.


A GUERRA DA RESTAURAÇÃO

Durou esta guerra desde 1640 a 1668 contra o invasor espanhol que tinha ocupado o nosso País em 1580. Foram 28 anos de lutas consecutivas para conseguirmos obter o que de mais precioso pode uma Nação antiga, como a nossa, pode ter a sua INDEPENDÊNCIA.

Esta longa guerra atravessou os reinados de  D. João IV, D. Afonso VI e a regência de D. Pedro, futuro D. Pedro II. Foi com o sacrifício de todo o povo de uma Nação e com o derramamento de sangue de tantos portugueses, que se  lutou pela libertação da Pátria, desde o Reino, passando pelo Brasil e Angola, neste sentido poderemos destacar:  Batalha do Montijo (1644); Batalha das Tabocas no Brasil (1645); Batalha de Guarapes no Brasil (1648); Batalha de Luanda em Angola (1648); Batalha das Linhas de Elvas (1659); Batalha do Ameixial (1663); Batalha de Castelo Rodrigo (1644) e a Batalha de Montes Claros (1665).


Como é possível que se queira riscar o Feriado do 1.º de Dezembro? Que filhos são estes que actualmente a Pátria têm? Como é possível ser considerado "facto não importante" a nossa INDEPENDÊNCIA e a nossa LIBERDADE?

Foi precisamente um dos primeiros actos da 1.ª República o decretar como Feriado Nacional o dia 1.ºde Dezembro! Como é possível tal ultraje? Não será preferível acabar com o 10 de Junho? Pois esse sim, trata-se de um "feriado inventado" primeiramente para se homenagear (e muito bem) os combatentes do Ultramar, depois fez-se uma estranha colagem como dia de "Camões e das Comunidades Portuguesas..." a que propósito? Que significado tem esse dia para a Pátria? Nenhum! Apenas um dia para se entregarem medalhas a qualquer um, à falta de melhor que se fazer... que tristeza...

Não vamos permitir que risquem do calendário e da nossa memória colectiva as Grande Datas Nacionais, os nossos descendentes não se podem esquecer, nunca, de todos esses portugueses que combateram e morreram  pela nossa INDEPENDÊNCIA e LIBERDADE!

Convido os meus leitores a assinar a petição para que este importante feriado continue a comemorar-se, assinalando assim a nossa INDEPENDÊNCIA e LIBERDADE como povo!

                                            http://www.peticaopublica.com/?pi=SHIP


VIVA PORTUGAL, SEMPRE!


Texto e ilustrações: marr