terça-feira, 31 de dezembro de 2013

VELHOS ESTANDARTES XVII

ESTANDARTES DE CAVALARIA
1828 – 1834
D. MIGUEL
D. Miguel I em 1833
(Colecção particular)


Estes estandartes eram esquartelados nas cores nacionais azul ferrete e escarlate, no meio ostentava as Armas de Portugal bordadas, e por baixo tinha um listel branco com a seguinte legenda: “Regimento de Cavalaria de. . . . .”; nos quatro cantos tinha a cifra coroada de D. Miguel.

Estandarte do Regimento de Cavalaria de Lisboa
(Colecção particular)


Pequeno apontamento histórico:


Soldado de Caçadores
(Colecção particular)

Passava o ano de 1832, D. Pedro exultava com os seus êxitos de Grijó, principalmente com o recuo das forças miguelistas para as bandas do Vouga, e queria insistir na ofensiva. Mas o general realista, escolhendo a excelente posição de Gândara de Souto Redondo, esperava que os constitucionais o fossem provocar, pois tinha-lhes preparado uma recepção condigna.

Com efeito, D. Pedro, insistindo na sua táctica ofensiva, mandou sair uma parte do seu exército com a missão de dar batalha ao inimigo e na madrugada de 7 de Agosto já as forças liberais estavam em contacto com o opositor. Num ímpeto imparável, os postos avançados miguelistas foram desbaratados. Como o plano dos realistas era precisamente atrair os liberais a Gândara de Souto Redondo, mandaram dar ordem de retirada a todas as suas avançadas. Julgando os liberais ser isso a prova mais que clara de uma fuga precipitada dos miguelistas, encheu de júbilo D. Pedro e todo quantos se encontravam no Paço das Carrancas.

Cenas da Guerra Civil
(Colecção particular)

Contudo a verdade desoladora viria a revelar-se muito em breve; as tropas liberais, iludidas por uma vitória fácil, apenas tinham caído numa cilada habilmente preparada pelo general Póvoas. Logo que este general viu os constitucionais perto da sua posição de Gândara, ordenou uma carga de baioneta pelo Regimento de Infantaria de Bragança, auxiliado pela Cavalaria. Foi um ataque decisivo! Dois esquadrões caíram brutalmente sobre o Batalhão de Caçadores 5, o que levou logo a tocar a retirar. Este toque apressado, bem como as vozes de alarme, provocaram o pânico nas fileiras dos liberais, em contraste com a excessiva confiança com que tinham avançado até ali, seguindo-se uma debandada vergonhosa. Os realistas perseguindo os liberais por algum tempo, fizeram muitos prisioneiros.
Tenente-General D. Manuel da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira
2.º Conde de Amarante e 1.º Marquês de Chaves
(Gravura da época. Colecção particular)































D. Pedro pôde observar, por um óculo, na margem oposto do Douro, o começo da debandada. Trouxeram-lhe a confirmação de derrota, mais desoladora depois da falsa notícia de uma vitória retumbante.

Brigadeiro Luís Vaz Pereira Pinto Guedes, 2.º Visconde de Monte Alegre
(Gravura da época. Colecção particular)









































Texto e ilustrações:marr

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

VELHOS ESTANDARTES XVI

A BANDEIRA E AS ARMAS DO REINO UNIDO DE PORTUGAL E BRASIL
Gravura da época (Colecção particular)

No reinado de D. João VI foi colocada por detrás do escudo uma esfera armilar de ouro em campo azul, simbolizando o reino do Brasil, e sobre ela figurava uma coroa real fechada.

Bandeira do Reino Unido de Portugal e Brasil
(Colecção particular)
Após o falecimento do Rei a esfera armilar foi retirada das armas, remetendo-se o símbolo real à expressão anterior, em que algumas das versões usaram um escudo elíptico, com o eixo maior na vertical.





Carta de Lei de 13 de Maio de 1816 - Documento da época
(Colecção particular) 




























































Chapa de talabarte com as armas do Reino Unido
(Colecção particular)
Documento da época com as armas do
Reino Unido (Colecção particular)














Texto e ilustrações: marr

sexta-feira, 7 de junho de 2013

VELHOS ESTANDARTES XV

ESTANDARTES DA CAVALARIA (DRAGÕES)

D. MARIA I


Rainha D. Maria I
Gravura da época                         (Colecção particular)

A fantasia barroca e a falta de uniformidade nos estandartes e nas bandeiras regimentais, continuou durante a época de D. Maria I e a provar esta afirmação o estandarte aqui representado é disso um óptimo exemplo.

(Colecção particular)
Estandarte em campo branco com as Armas de Portugal ao centro, mais rebuscadas do que nunca, e rodeada de troféus militares; nos cantos vislumbram-se a cifra da Rainha, a toda a volta uma franja mesclada de vermelho e ouro.



PEQUENO APONTAMENTO HISTÓRICO:

No início do ano de 1801, Napoleão Bonaparte e Carlos IV de Espanha estabeleceram um acordo onde já se previa a partilha de Portugal, que mais tarde voltará a ser tentada aquando da Invasão Franco-Espanhola de 1807.
Primeiro Regimento de Infantaria do Porto 1791
Coronel Comandante - Serviço montado
(Colecção particular)

A Espanha declara-nos guerra em Fevereiro. O nosso exército encontrava-se totalmente desorganizado e muito mal preparado, de tal modo, que não podia permitir-se a tal situação que efectivamente teve que enfrentar. O exército espanhol foi reforçado com contingentes franceses e invadiu Portugal onde em parte nenhuma encontrou resistência séria; na Província do Alentejo a campanha foi desastrosa caindo na posse do inimigo várias praças fortes como Juromenha, Olivença, Campo Maior, destacando-se a resistência bem sucedida de Elvas, que não capitulou.

General Gomes Freire de Andrade
(Colecção particular)
Se alguma coisa pode resgatar os opróbrios da campanha do Alentejo, foram os sucessos da guerra em Trás-os-Montes. Embora num campo muito limitado o General Gomes Freire de Andrade honrou ali as armas portuguesas, comandando as forças sob as suas ordens, tendo tentado algumas incursões no território Espanhol.

Quis surpreender a praça de Monterey colocando-se, para o efeito, em marcha com mil setecentos e oitenta e sete homens e duas peças de artilharia, força que ia dividida em dois corpos a saber: um comandado pelo próprio Gomes Freire, que seguiu a margem direita do Tâmega, e a outro comandado pelo Tenente-coronel Pamplona, que seguiu a esquerda. A coluna do primeiro chegou ao seu destino, repelindo os postos avançados do inimigo, mas estes rapidamente se refizeram, formando um corpo de quatro mil homens. Estava, por isso, malograda a empresa dos portugueses, bem contra vontade de Freire de Andrade, viram-se os nossos forçados a retirar para Vilarelho, povoação portuguesa na fronteira. Ali conseguiu repelir os ataques do inimigo e depois, invadindo no dia 4 de Junho a Espanha, tomou a aldeia de Bosaens, a que lançou tributo; no dia 18 conquistou a povoação de Fizera, cujos habitantes se declararam súbditos do Rei de Portugal.

Assim foi ocupado uma parte do territórios espanhóis  que tornava mais vantajosa a nossa posição defensiva, apesar das forças superiores do inimigo. O General Gomes Freire recebeu nesse mesmo dia, 18 de Junho, nas terras de Espanha conquistadas pelas suas tropas, a notícia dos desastres do Alentejo e do Armistício que se lhes seguiu.


Carta de 2 de Janeiro de 1790 em que estabelece
na Sua Corte e Cidade de Lisboa, uma Academia
Real da Fortificação e desenho, dando-lhe os
respectivos estatutos. (Colecção particular)


Oficial Engenheiro - 1788
(Colecção particular)




ALGUNS ACONTECIMENTOS
IMPORTANTES DESTE PERÍODO



Embarque das Divisões Auxiliares Portuguesas a Espanha para a Campanha do Rossilhão, a Cavalaria não fez parte dessa expedição (1793 a 1795); "Guerra das Laranjas" contra a Espanha, desta ofensiva castelhana resultou a perda de Olivença (1801).




Coordenação do texto e ilustrações: marr

sexta-feira, 15 de março de 2013

VELHOS ESTANDARTES XIV

ESTANDARTES DA CAVALARIA

D.  JOSÉ  I
1750 - 1777

Os estandartes da cavalaria no tempo do rei D. José I, começaram aparecer esquartelados de 16 quartéis de diferentes cores, predominando o verde, o branco (cores da casa de Bragança), o azul e o vermelho, continuando os respectivos comandantes acrescentar-lhes outras cores particulares.
Colecção particular
No circulo branco, colocado no centro da bandeira, encontrava-se o escudo nacional ou em sua substituição a divisa do comandante. Era regra, nos cantos e sobre fundo igualmente branco, encontrar-se a cifra real bordada a ouro. 


PEQUENO APONTAMENTO HISTÓRICO:


CAMPANHA DE 1762
OU
 "GUERRA FANTÁSTICA"

Mestre-de-Campo General
Decreto de 29 de Abril de 1761
Colecção particular
Não tendo Portugal acedido à exigência de fechar os seus portos ao comércio inglês, a Espanha e a França coligadas declararam-nos guerra. Efectivando a ameaça, logo no dia 30 de Abril de 1762, isto é, seis dias após a entrega da nota cominatória, entravam os espanhóis, na força de mil e oitocentos homens de tropas ligeiras.


No dia 26 de Agosto uma coluna das nossas forças comandada pelo General Bourgoyne, composta por dez batalhões de infantaria e quatro de cavalaria, que tinham atravessado o Tejo dois dias antes, conseguiram depois de uma marcha de quinze léguas sem descanso, cair de surpresa sobre valência de Alcântara, onde se julgava existirem depósitos de armas e munições, e espalhando o terror, inutilizaram e destruíram provisões e forragens ali encontrados, destroçando umas companhias do Regimento de Sevilha, chegados havia pouco tempo, fazendo muitos prisioneiros entre os quais diversos oficiais. Neste feito distinguiu-se o Capitão de Infantaria do Regimento do Conde do Prado, António Pedro Mouzinho de Albuquerque, pelo que em virtude da proposta do Marechal-General, foi promovido por distinção ao posto de Tenente-General.


Colecção particular


Conde Lippe
Colecção particular

O Conde de Lippe comunicou o acontecimento ao Conde de Oeiras nos seguintes termos:
" Il.º e Ex.º Sr. Tenho a honra de remeter a V. Ex.ª por mão do Tenente Lewis do Regimento do Brigadeiro-General Bourgoyne, em que tenho encarregado a condução de três bandeiras espanholas do Regimento de Sevilha, para que as vá colocar aos pés de S. Majestade Fidelíssima. Este oficial distinguiu-se muito na acção de Valença, onde se tomaram as ditas bandeiras. Deus guarde V. Ex.ª. Mais fiel vassalo. "O Conde Reinante de Schaumbourg Lippe. Marechal-General". Nisa, 30 de Agosto de 1762.


Forte de Nossa Senhora da Graça em Elvas
Vista aérea

OUTROS ACONTECIMENTOS NESTE REINADO:
Policiamento e ajuda na remoção dos escombros, na cidade de Lisboa, devido ao terramoto de 1755; tumultos no Porto 1757; Campanha de 1762 ou "Guerra Fantástica" contra a Espanha;  inicio das obras do Forte de Nossa Senhora da Graça ou Forte Conde Lippe em Elvas 1763; obras de fortificação da Praça de Almeida 1764.
Regimento de Cavalaria de Castelo Branco
Oficial.
Regulamento de Uniformes de 24 de Março de 1764
Colecção particular

Texto e ilustrações: marr

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

VELHOS ESTANDARTES - XIII

BANDEIRAS, ESTANDARTES REAIS E MILITARES


D.  JOÃO  V

1706 - 1750

Gravura da época. Colecção particular

Bandeirola para trompete, bordado a ouro e prata sobre seda
Com D. João V o escudo foi modificado quanto à sua forma, passando a ser do tipo "cartela", mais fantasiado, muito ao gosto da época, tendo-lhe sido adicionados elementos figurativos que o sobrecarregavam, mas as carterísticas fundamentais nunca foram alteradas. 


Cobertura para timbalo, bordado a ouro e prata sobre seda
Efectivamente o gosto barroco e fantasioso de muitos levava-os acrescentar decorações incrivelmente "rebuscadas" às bandeiras e estandartes, por vezes somente nas representações pictóricas (telas, gravuras, etc), exemplos destes podem-se verificar na enorme variedade e fantasia das Armas de Portugal que aparecem a encimar toda a legislação impressa, desde D. João V a D. Maria I.
Colecção particular
Colecção particular
Colecção particular
Colecção particular
Colecção particular












Colecção particular

Embora se verifique que entre o que se vê impresso e a realidade bordada numa bandeira regimental é de uma enorme discrepância. Ainda hoje, muitos dos nossos artistas plásticos, ao tentarem fazer reconstituições, abusam um pouco dessa exuberância barroca.



Colecção particular


O estandarte que o cavaleiro ostenta é de cor carmesim com as Armas Reais bordadas no centro, tendo em cada canto a sigla real entrelaçada a ouro "I. V R.". Este foi dos primeiros estandartes reais a ter a cifra "d'el-rei", uma vez que nas chamadas "bandeiras regimentais" sensivelmente a partir da época de D. Pedro II, já se podiam observar alguns estandartes com letras representativas da unidade bordadas no canto superior esquerdo.






PEQUENO APONTAMENTO HISTÓRICO:


DEFESA DE CAMPO MAIOR

No ano de 1711, o marquês de Bay comandante do exército espanhol, assediou Campo Maior com uma força de setenta esquadrões composto por cerca de oito mil cavalos e trinta e três batalhões de infantaria com um efectivo estimado em dez mil militares, três mil sapadores, vinte e dois canhões, dezoito peças de campanha e onze morteiros; à testa deste força vinham sete mestres-de-campo-generais, oito generais de batalha e muita oficialidade, tal era a importância da força que cercava esta nossa praça.


Trombeta de cavalaria. Painel de azulejo
da época


Era seu governador o Brigadeiro Estêvão da Gama de Moura e Azevedo que contava dentro da praça forte com um sargento-mor, dois engenheiros e dois tenentes de cavalaria; a guarnição era composta por quatro regimentos de infantaria que estavam de tal forma diminuídos que apenas estavam aptos para pegar em armas novecentos e quarenta e sete soldados e como reforço contava com o socorro de trezentos e seis milicianos.



O abandeirado. Painel de azulejo
da época
Durante o sítio, os comandantes dos nossos regimentos, que estavam ausente de licença, mal tiveram conhecimento da situação tentaram romper o cerco com o intuito de entrarem na vila, o que conseguiram a coberto da noite, indo-se colocar de imediato à frente das suas respectivas unidades.

Os espanhóis bem tentaram entrar em Campo Maior, mas os nossos artilheiros eram muito experientes e causavam enormes prejuízos aos trabalhos de aproximação; por sua vez, a nossa guarnição fazia muitas sortidas que incomodavam constantemente o inimigo.
Granadeiros portugueses. Observe ao fundo um timbaleiro.
Painel de azulejos da época

A nossa defesa continuava enérgica, mas á medida que o tempo ia passando, os ataques do inimigo iam redobrando a sua força. Os constantes bombardeamentos espalhavam o terror em toda a vila, até que na noite de 25 de Outubro, os espanhóis prepararam-se para o assalto, utilizando com entrada uma brecha existente na fortaleza; os nossos reforçaram-na com setecentos e vinte homens, fazendo uma grande fogueira junto á abertura, cuja chama iluminava os campos tornando impossível qualquer surpresa nocturna.

No dia 27, do mesmo mês, foi decidido executar o ataque à praça pelas cinco horas da manhã, neste sentido reuniram-se trinta e duas companhias de granadeiros, dezasseis batalhões de infantaria e um regimento de cavalaria desmontado, que subiram ao assalto com grande e audaciosa energia.

Tropas portuguesas capturando um inimigo. Painel de azulejos
A lenha que ardia na frente da brecha, foi o primeiro obstáculo com que o inimigo se deparou, seguindo-se a valorosa resistência dos nossos militares inclusive na luta corpo a corpo; finalmente a grande quantidade de militares espanhóis acabou por lhes ser prejudicial, porque com o entusiasmo do assalto e ao tentarem todos entrar na brecha ao mesmo tempo, que era relativamente pequena, concentrou-os de tal modo que acabou por os atrapalhar tendo ficado expostos ao terrível fogo da nossa artilharia que com as descargas de metralha acabaram por arrasar completamente o inimigo, que depois de dois assaltos se viram obrigados a retirar, deixando centenas de mortos e estropiados, muitas armas e trinta seis escada de assalto. O general que comandou a escalada viu-se obrigado a solicitar um armistício para levantar os feridos e os mortos.
Regimento de Infantaria. Gravura da época. Colecção particular

Depois desta tentativa frustrada da tomada de Campo Maior, com o aproximar do Inverno e ao terem conhecimento de que a praça fora socorrida com reforços, foi resolvido levantar o cerco que durou um mês.
Parte da muralha de Campo Maior na actualidade. Colecção particular

Pode-se imaginar a alegria de todos os campomaiorenses e dos nossos militares ao verem o exército espanhol partir. Todo o País soltou um grito unânime de admiração pelo heróicos resistentes. D. João V gratificou todos os intervenientes nesta defesa e deu muitas benesses a Campo Maior e aos seus habitantes.



OUTROS ACONTECIMENTOS NESTE REINADO:

- 1707 Continuação da Guerra da Sucessão
- 1717 Batalha Naval de Matapan





















Coorden. do texto e ilustrações: marr