MÁQUINAS DE GUERRA
(...) não tomavam folego hum só instante, ora preparando instrumentos para o assalto, ora acommettendo e sendo acommettidos com máquinas (...)
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Durante o cerco de Silves, estas máquinas eram comuns aos dois opositores não havendo praticamente nenhuma diferença; por isso, limitar-me-ei a apresentar alguns modelos que foram utilizadas por sitiantes e sitiados.
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TRABUCOS
(...) assentámos os arraiaes tão perto, que nelles vinham cahir as pedras atiradas dos muros com trabucos (...)
Esta terá sido uma das máquinas mais utilizadas no cerco de Silves; já na tomada de Lisboa tinham sido empregues. Os contrários também as tinham dentro das muralhas e foram muito usados.
Utilizavam-se para arremessar pedras e outro tipo de projécteis incendiários. Funcionavam pelo sistema de contrapeso, sendo formado por um grande cavalete no qual girava sobre um eixo ou munhões horizontais; a um quarto do seu comprimento,, uma grande viga ou braço de madeira lastrada, na extremidade mais curta, por um grande peso. O braço ficava geralmente vertical, com o peso para baixo, mas quando se queria fazer funcionar era colocado horizontalmente, puxando-o cinquenta ou cem homens pela extremidade mais elevada, para baixo, até ser fixada num gatilho junto ao chão. O grande peso motor ficava portanto elevado no ar. Soltando-se o gatilho este peso descia com enorme violência atirando com o outro lado para cima e arremessando o projéctil colocado na funda, como se fosse um fundibulário gigante.
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Este engenhos podiam arremessar pedras de 100 ou 200 quilos de peso que derrubavam torres e muralhas, abrindo-lhes grandes brechas. Uma máquina destas teria um braço com cerca de 15 metros e um contrapeso de 9 toneladas, podendo o seu alcance ser de sensivelmente 300 metros para uma pedra de 130 quilos, tudo dependendo da dimensão do trabuco.
Por vezes eram arremessados cadáveres ( de combatente, cavalos e de outros animais) para dentro das cidades sitiadas a fim de provocar nelas a peste ou outras doenças contagiosas.
ESCADAS DE ASSALTO
(...) e nos preparamos de escadas para escalar os muros (...).
Esta eram de diversos modelos e tamanhos. Umas eram providas de ganchos numa das extremidades para se poderem engatar nas muralhas, outras tinham dois pés que as sustinham direitas sem cair e, finalmente, tínhamos as escadas normais e construídas conforme se podia.
TORRES DE ASSALTO
(...) por muitos dias nos démos a preparar maquinas, torres, escadas (...)
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Também chamadas "torres móveis ou volantes", tratava-se de uma torre de madeira provida de rodas ou que se deslocavam ao rolarem sobre troncos lisos até chegarem às muralhas dos castelos. Tinham diversos andares, conforme a altura das muralhas. Algumas possuíam uma espécie de ponte levadiça que abria ao chegar os muros dos castelos ou no caso de não a possuírem lançavam-se tábuas para se poder dar o assalto.
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Estas torres, feitas de madeira, eram cobertas por peles verdes e molhadas ou por vegetação fresca, afim de se poder proteger a madeira dos objectos incendiários que eram lançados do alto das muralhas.
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ARÍETE
Instrumento para bater as muralhas ou portas das cidades. Na prática consistia numa grossa e pesada viga de ferro armada numa das extremidades com uma peça de ferro geralmente em forma de cabeça de carneiro ou com um bico.
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Este podia transportar-se a braços ou sobre rodas. Os mais ligeiros eram percutidos à mão; os mais pesados eram suspensos e imprimia-se-lhe um movimento de pêndulo contra o local pretendido.
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OURIÇO
(...) nós os Teutónios, logo de madrugada, assestámos huma maquina, a que chamamos ouriço, contra o muro (...)
Sobres este "instrumento de bater" já muito se analisou sem se chegar a definir a sua forma (A cidade de Silves num Itinerário Naval do Século XII por um Cruzado Anónimo, doc.5, pp.112 e 116. Co-edição Távola Redonda e C. M. de Silves, 1999). Contudo, poder-se-á chegar à conclusão de que se tratava de um aríete, coberto e com rodas, possivelmente com a ponta ou pontas em bico, ficando, por isso, com o aspecto de um "ouriço";
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(...) esta maquina era formada de grandes vigas cobertas com pranchões novos das náos. E sobre estes camadas de terra, argamassa, e bitume. Os mouros logo acodirão lançando-lhe em cima muita estopa, azeite, e fogo, com que queimárão a maquina, e tanto mais por ser ella de enorme pezo, e não se poder puxar facilmente para fora (...) no dia seguinte tornámos a trabalhar com a nossa maquina contra as mesmas torres, e com tanto empenho que conseguimos derrocar huma parte do muro (...)
OUTROS DIVERSOS ENGENHOS
(...) e muitos dias nos démos a preparar maquinas (...) e outros diversos engenhos para dar assalto à cidade (...)
Por este título não específico poderemos ter em consideração outro tipo de máquinas que eram muito utilizadas na situação em análise, assim temos:
MANGANOTE
Compunha-se, esta máquina, por uma haste (verga) de madeira rodando à volta de um eixo horizontal, na extremidade do braço menor tinha um contrapeso e na outra uma funda onde se colocavam projécteis a arremessar.
Regra geral lançava pedras esféricas, barris com nafta e outros materiais inflamáveis. Havia-os de diversos tamanhos, ou seja ligeiros:
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pesados:
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O sistema de engate da funda era do seguinte modo:
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BALISTA
Segundo Mayem e outros autores: " a balista lançava pedras exclusivamente já em uma só massa de oito a doze quintais, já em cestos à maneira da moderna metralha. Nos sítios,não só serviam para ferir, romper e transtornar, senão para introduzir nos castelos barris com mistos incendiários, com imundícies e até cadáveres para empestar ou infeccionar o ar".
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É natural que se tenham utilizado, dos dois lados, algumas destas máquinas. Neste caso havia-os de diversos modelos e tamanhos. Contudo aos poucos foi-se deixando de utilizar estes engenhos porque eram de fabricação muito difícil; assim preferiam o trabuco, que com algumas árvores se podiam construir e eram de maior efeito.
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