terça-feira, 31 de maio de 2011

A CONQUISTA DE SILVES POR D. SANCHO I EM 1189

ARMAS OFENSIVAS DOS CRISTÃOS


PUNHAL
Arma branca, curta, muito utilizada durante este período. Havia-os de muitos formatos e dimensões:


Colecção particular

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Colecção particular


Colecção particular
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LANÇA
Embora se trate de uma "arma de haste" não a inclui nesse título, por serem bem distintas das outras e, curiosamente, era uma arma própria dos cavaleiros e tinha bastantes variantes, possivelmente conforme o formato do ferro (ponta). Tinham cerca de quatro metros de comprimento, embora esta medida variasse um pouco. Se combatiam desmontados a lança era mais curta. Durante as marchas e antes do cavaleiro a utilizar era geralmente transportada pelo escudeiro.
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Colecção particular

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 ACHA DE ARMAS
Para os cavaleiros havia dois tipos desta arma: uma de cabo curto de ferro ou madeira, para ser manejada com uma só mão:


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e outra, com o cabo longo, para ser utilizada com as duas mãos:
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Este género de armas transportavam-se suspensas no arção da sela, no lado direito.






MACHADO DE ARMAS
Trata-se de uma arma cujo ferro tinha diversas formas, com um cabo suficientemente comprido para se poder manejar, à vontade, com as duas mãos e que era utilizado pelos peões.
Colecção particular
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ARMAS DE HASTE
Estas não eram mais do que derivações dos utensílios agrícolas, como foi dito. A variedade de ferros era imensa. Consideravam-se armas de estoque e corte, sendo extremamente perigosas:
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Além destas, ainda se podem considerar o pique:
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A partazana que além da ponta tinha geralmente duas orelhas laterais:

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A bisarma, era uma espécie de foice afiada de um lado ou de ambos e de cujo lado convexo saía perpendicularmente um espigão em forma de ângulo recto que servia para atacar de estocada, enquanto a foice era empregue para decepar as patas dos cavalos.
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CHICOTE DE ARMAS
Arma de mão composta por um cabo de madeira ou ferro tendo na ponta uma cadeia de correntes de onde pendiam esferas de ferro ou madeira com bicos:
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BESTA

Arma de arremesso constituída por uma coronha e um arco colocado transversalmente. Este tipo de arma tinha uma espécie de estribo na parte da frente, onde o seu possuidor colocava o pé para tender a corda,

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 sendo disparada por uma espécie de gatilho:

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Esta arma tinha diversos nomes conforme o mecanismo com que se armava:

LIGEIRA
Armada com a mão:

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GARRUCHA
Armada por intermédio de um gancho ou garra de ferro preso a um cinto:

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PÉ-DE-CABRA
Armada por meio de uma alavanca que levava esse nome:
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VIROTE
Seta curta, geralmente emplumada no conto:
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As pontas variavam muito quanto à forma, podendo ser lisas, com rebarbas, facetadas, etc. Eram transportadas na Aljava que podia ser confeccionada em couro, pano, etc.



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 A grande maioria das pontas dos virotões eram envenenadas com suco de "Hellebero" ou "Várato Negro", vulgarmente chamado de "erva dos besteiros".


As bestas mais potentes lançavam virotões, que chegavam a pesar 150 gramas, a uma distância de quase 400 metros com uma precisão extrema, sendo a sua força de penetração muito grande, sobretudo se o impacto fosse perpendicular ao alvo.



ARCO E SETA
(...) posto que muitos delles nas torres erão tambem feridos pelos nossos frecheiros (...)


Colecção
particular
Colecção
particular
O arco era formado por uma haste de metal ou madeira flexível cujas extremidades eram ligadas por uma corda de couro ou tripa, que esticada atirava setas ou frechas.

O arco normando media pouco mais de um metro, enquanto o inglês atingia cerca de dois. O italiano e o alemão eram geralmente de metal e tinham cerca de um metro e meio.

A seta era composta por uma haste de madeira, geralmente teixo; o seu comprimento, em média, era de noventa centímetros; numa extremidade tinha uma ponta de ferro e na outra penas.

A frecha era uma haste de ferro ou osso, farpado ou liso com a ponta terminando num bico muito afiado.

Texto e ilustrações: marr


quinta-feira, 26 de maio de 2011

A CONQUISTA DE SILVES POR D. SANCHO I EM 1189

ARMAS OFENSIVAS DOS CRISTÃOS

ESPADA
A forma e as partes que constituem esta arma conheceram o seu apogeu simbólico e anatómico no século XII.

Quatro uniões que formam uma cruz, quatro partes constítuidas pelo pomo, punho, guarda e lâmina traçam a grande linha de uma "certa visão do mundo": a paz ou a guerra, conforme a espada fosse segura, pelo ferro ou pelo punho, uma verdadeira expressão das quatro idades da humanidade.

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O pomo simboliza as relíquias da idade do ouro, onde a sua forma discoidal nos indica a perfeição; a verticalidade do punho obedece à vontade da "segunda casta" que proclama a idade da prata e que fica nas mãos daquele que a possui; a guarda, colocada horizontalmente, é consagrada à idade do bronze, aos que conservam e sustentam uma civilização ainda digna de dominar as bases; finalmente a lâmina significa, que durante a idade do ferro, só os heróis podem reaver o estado primordial.
O número quatro liga-se ao "quadrivium" das artes liberais necessárias ao conhecimento e à acção na terra. A Idade do Ouro ou do Éden dura quatro vezes o tempo da Idade do Ferro, a Idade da Prata três e a do Bronze duas.



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Se revertermos estes números em fracções, como se pode ver na figura, teremos: 1/4, 1/3, 1/2 e 1/1, estas aplicam-se às proporções das diferentes partes da espada, ou seja o pomo, o punho, a guarda e a lâmina. Era com esta fórmula que se obtinham as medidas para a construção da espada ideal, equilibrada, anatómica, perfeita ou, por outras palavras, Sagrada!


A espada, característica do século XII era de lâmina larga, de dois gumes, com a ponta ligeiramente arredondada; o pomo, em forma de disco, de grandes dimensões; o punho curto e a guarda direita, tratando-se de uma arma fundamentalmente de corte.


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Na transição do século XII para o XIII, a espada foi sofrendo algumas modificações. Assim, a guarda começou a curvar-se em direcção à lâmina, isto é para baixo.

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Passou a ser mais estreita, comprida e pontiaguda; o punho, por vezes, torna-se mais comprido permitindo a utilização das duas mãos, passando então a ser uma arma de corte e estoque:

Assim o cavaleiro que esteve presente em Silves, geralmente utilizava estes modelos de espada do seguinte modo: a de corte, sendo mais pesada e comprida, era suspensa no arção da sela; a outra, de estoque, mais ligeira era colocada no cinturão, para o caso de ter de combater desmontado.

Pode-se resumir o modo de combate do cavaleiro do seguinte modo: montado utilizava a espada de corte e desmontado a de estoque

Texto e ilustrações: marr

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A CONQUISTA DE SILVES POR D, SANCHO I EM 1189

ARMAS OFENSIVAS


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Este género de armas, assim com as defensivas, foram sofrendo algumas alterações com o passar do tempo. O armamento de qualidade era de uso exclusivo dos nobres e dos cavaleiros ricos, sendo a sua principal arma a espada.


A peonagem lutava praticamente com tudo que lhe vinha à mão. Se observarmos atentamente a maioria combatia com armas de haste, que mais não eram que utensílios de trabalho na lavoura, desde a foice ao podão, passando pelo malho, etc., contudo, este tipo de armas foi-se aperfeiçoando para a guerra e não para os trabalhos no campo. Embora fossem de aspecto idêntico, regra geral, eram maiores e mais resistentes.

A arma que os besteiros utilizavam era considerada, desde o seu aparecimento, arma de caça e não podia ou deveria ser utilizada na guerra entre cristãos, por ser vil e traiçoeira (Concílio de Latrão 1179). Seja como for esta arma já estava tão generalizada que se foi aperfeiçoando e tornando-se cada vez mais potente. O virotão quando lançado por esta potente máquina atravessava a cota de malha e feria o cavaleiro; faz-se referência que um desses virotões arremessado por uma besta pé-de-cabra atravessou a cota de malha, a coxa, as calças, a outra cota de malha do outro lado da perna e a madeira do arção, ficando profundamente cravada no flanco do cavalo. Tal era a potência que esta temível arma tinha.

Os besteiros tiveram sempre no nossos País um papel importantíssimo na hoste e nas batalhas da Primeira Dinastia. A grande maioria destes homens, assim armados, acompanhavam o exército nas suas caminhadas a cavalo, embora a grande maioria combatesse a pé.


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Os muçulmanos, por sua vez, foram escolher as caracteristicas particulares de cada civilização que conheceram e das regiões por onde passaram ou se fixaram. A forma da sua civilização alimentou e cultivou o espírito e a maneira de ser de muitos povos, sendo ainda hoje uma herança que não podemos desprezar.


As principais armas ofensivas que utilizavam eram a espada, o sabre, a cimitarra, etc., estas armas, geralmente mais sofisticadas que a dos seus contrários, eram autenticas obras de arte, quer pela sua beleza, quer pela riqueza que ostentavam (pedras preciosas incrustadas, ouro lavrado, etc.); o aço das lâminas, assim como a sua confecção, eram de uma qualidade excepcional que em se atirando um lenço de seda ao ar, a lâmina da arma dividiam-no em dois. Embora extremamente leves, manejáveis e afiadas, tornavam-se frágeis em comparação com as espadas dos cristãos que eram pesadas e fortes embora de pior corte.

Tinham diversas máquinas de guerra assim como uma grande diversidade de objectos incendiários, feitos das mais diversas substâncias e assim aconteceu durante o cerco de Silves, que foram empregues em grande quantidade.

Texto e ilustrações: marr

DIVULGAÇÃO:
Aproveito para comunicar aos meus leitores que o signatário tem mais dois blogs dedicados à História Militar de Portugal, mas são temáticos, um dedica-se em exclusividade ao período da Guerra Peninsular, sensivelmente entre 1806 e 1815 e pode ser visto em:

O outro é exclusivo da nossa participação durante a 1.ª Guerra Mundial de 1914 a 1918, nos três teatros de operações, Angola, Moçambique e França, pode ser visto em:

Obrigado
    marr

sábado, 21 de maio de 2011

A CONQUISTA DE SILVES POR D. SANCHO I EM 1189

DESCRIÇÃO DE SILVES POR UM CRUZADO


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(...) Tem muitas casas e mansões ameníssimas; é cingida de muros e fossos, de tal modo que nem uma só choupana se encontra fora dos muros, e dentro de elas havia quatro ordens de fortificações, a primeira das quais era como uma vasta cidade estendida pelo vale chamado "Rouvale". A maior estava no monte e davam-lhe o nome de "Almedina" tendo outra fortificação na encosta que desce para o mesmo vale a fim de proteger o canal das águas e um certo rio chamado "Arade" ou "Drade"; outro corre para o mesmo, o qual se chama "Odelouca"; e sobre o canal há há quatro torres, de modo que  por aqui se provesse sempre água em abastança à cidade superior, e tem esta fortificação o nome de "Coirasce" (...)

 

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(...) As entradas pelas portas eram de tal modo angulosas e tortuosas, que mais facilmente seriam escalados os muros do que entraria alguém por elas. Abaixo da primeira era o castelo que se chamava "Alcay". Também havia uma grande torre no "Rovale", e tinha uma estrada coberta para a "Almedina", de modo que dela se podia ver o que se passava de fora dos muros da "Almedina", e os que acometessem os muros de revés pudessem ser atacados da torre, e da parte oposta, e esta chamava-se "Alvierna" (...) também se deve notar que as torres estavam tão perto dos muros de cada cidadela, que qualquer pedra atirada de uma delas cruzava até à terceira e em algumas partes ainda eram mais próximas (...).


In: Relação da Derrota Naval, Façanhas e Sucessos dos Cruzados que Partirão do Escalda para a Terra Santa no Anno de 1189. Escrita em Latim por Hum dos Mesmos Cruzados, Traduzido e Annotado por João Baptista da Silva Lopes., Lisboa 1844, pp. 14, 15 e 16.

Coorden. do texto: marr

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A CONQUISTA DE SILVES POR D. SANCHO I EM 1189

ARMAS DEFENSIVAS DOS MUÇULMANOS


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No que diz respeito a este tipo de armas torna-se extremamente curioso observar que muito do material acabou por ser adoptado, mais tarde ou mais cedo, pelos exércitos cristãos, embora tal tenha tido mais influência nos territórios que por eles estavam ocupados, assim como o inverso também aconteceu.






PROTECÇÕES
 DA
CABEÇA E PESCOÇO


MAGFAR
Protecção em cota de malha, esta podia ser totalmente fechada protegendo toda a cabeça, faces e pescoço, deixando ficar só o rosto à mostra; outros seriam no género do camal.

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BOTUTE
Defesa do pescoço em ferro. Curiosamente entre os cristãos, esta gola de ferro (gorjal) apareceria sensivelmente no século XIII, quando se começou a substituir as cotas de malha pelas armaduras, principalmente quando se abandonou o camal.

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COBERTURAS DE CABEÇA
Existia uma enorme variedade de capacetes com as formas mais diversas; havia-os de metal ricamente cinzelados ou encrostados, outros tinham umas saliências onde ia prender o camal que servia para proteger o pescoço e a face, além de um nasal móvel.




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Quase todos eram semi-esféricos, terminando em bico, podendo ser confeccionados em ferro, couro ou outros materiais. Geralmente o turbante, quando utilizado, era enrolado à volta das protecções de cabeça.



PROTECÇÕES
DO
TRONCO E PERNAS




ALGALOTA
Espécie de túnica de cores variadas onde os nobres pintavam distintivos, emblemas, frases, etc.

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A partir do século XIII os exércitos europeus, passaram a utilizá-la, embora mais comprida, tendo-lhe dado diversos nomes como cota-de-armas, brial, etc, tendo passado a ser armoriadas. Um dos objectivos dessa "túnica" seria o de proteger as cotas de malha dos raios solares e como forma de identificação do cavaleiro.


 
MUSCA
Camisa de pano que cobria e protegia o corpo, tendo as mangas em malha de ferro, sobre esta colocava-se o peito.



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ZARDIA
Cota de malha que descia sensivelmente até aos joelhos e tinha mangas compridas.



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PEITOS
Defesa do tronco feito em ferro, utilizavam-se por cima da musca; geralmente eram muito decorados:

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Outras levavam uma grande variedade de defesas:


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ESCUDOS


Escudo de madeira reforçado a
couro
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Os muçulmanos tinham uma variedade muito grande de escudos que eram fabricados de diversos géneros de materiais, como peles, nervos de animais, madeira, etc. Para resistir aos golpes de ponta eram reforçados na sua espessura com várias camadas de couro.










Escudo de nervos de animais reforçado
com varias camadas de couro
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Escudo com franjas que serviam para a
protecção contra as setas
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DARCA
Escudo de pequenas dimensões, muito leve e o mais utilizado. Praticamente era a única arma defensiva dos peões e havia-os das mais diversas formas: ovais, redondos, com pregos, com um bico no centro, de feitio irregular, outros muito decorados, etc.
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Texto e ilustrações: marr