terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A HISPÂNIA DURANTE O PALEOLÍTICO E O NEOLÍTICO

Temos conhecimento da existência de seres humanos na nossa região desde há cerca de duzentos mil anos. Deixaram-nos provas da sua existência e temos de os considerar os nossos mais antigos antepassados. Os seus descendentes, sempre em muito pequeno número, porque morriam com muita facilidade e em geral muito cedo, levaram milénios para evoluírem de uma vida em pequenos grupos familiares refugiados em cavernas, para passarem a uma fase de construção de aldeias com aglomerados populacionais que se defendiam em conjunto. Ergueram povoações de refúgio no cimo dos montes nos quais aplanavam os picos para obterem uma larga plataforma onde pudessem guardar as suas crianças, os seus velhos e o seu gado, enquanto homens e mulheres combatiam na defesa de toda a sua tribo.

Ponta em folha de loureiro 
Paleolítico Superior - Torres Vedras
Poderemos verificar a evolução destes primeiros habitantes, do que hoje se domina Portugal, pelas armas e ferramentas que nos deixaram; desde os primeiros indícios da utilização de pedras talhadas, de chifres de veado transformados para melhor conveniência, até ao último grau de aperfeiçoamento, tudo isto levou dezenas de milhares de anos.


Bifale - Paleolítico Inferior -  Vila Velha de Ródão
Atingiu-se uma civilização, hoje denominada "PEDRA LASCADA", por causa da forma da fabricação das suas ferramentas e armas, seguindo-se a fase da "PEDRA POLIDA", que não pode ser menosprezada. Quanto mais estudamos estes períodos em face de cada vez maior número de provas que se descobrem, mais notamos que estes povos injustamente estão classificados de bastante mais primitivos do que na realidade eram.


Arco e flecha


De facto eram comtemporâneos das culturas evoluídas da Mesopotâmia e do Egipto e, em relação a estas, obviamente, muito mais simples. Mas atingiram uma cultura dolménica de tão grande envergadura em Portugal, que nos deixaram cerca de dez mil monumentos megalíticos que datam entre o Primeiro e Segundo milénio antes de Cristo e são parte ainda bastante mais antigos do que as pirâmides do Egipto.




Bolsa ou bornal de esparto para transporte
de armas, víveres e outros objectos


A construção destes dólmenes e destas antas, bem como o levantamento dos grandes menires, foi obra colossal ainda hoje pouco explicável e mostra a existência duma fé profunda e duma elite pensadora e organizadora que merecem todo o nosso respeito.


Anta do Monte Abraão - Queluz Ocidental
Mover pedras de uma dezena de toneladas ou mais, orientá-las de modo que a sua posição indique pormenores precisos sobre estrelas, planetas ou seus trabantes, alguns dos quais impossíveis de ver a olho nu, ainda hoje de difícil explicação.

Escudo de couro



Consideravam-se filhos da natureza e a terra a sua mãe. Respeitavam-na e amavam-na como Deus que se lhes revelava através dos diferentes gestos da natureza, as estações, as idades, os montes, as fontes e os vales. Sabiam integrar-se na natureza porque se sentiam parte dela, cuidando-a com carinho e agradecendo as suas dádivas. 


Escudo de esparta

Podiam sentar-se e ouvir o que uma rocha lhes podia comunicar ou abraçar uma árvore e receber parte da força telúrica nela depositada. Regiam-se por leis e conselhos dos seus anciãos, cuja experiência e sabedoria  respeitavam em pleno. Lutavam em defesa da sua família, da sua tribo e dos sues locais sagrados quando se sentiam ameaçados.
Texto e ilustrações de: marr


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